Belmiro de Azevedo, e um milionário Português de origens humildes, portanto conhecedor do “Sistema” em pelo menos duas perspectivas diferentes.
Um dia, interpelado por um Jornalista para comentar um assunto muito delicado da vida pública Portuguesa, contrariou todos os prognósticos sobre a sua disponibilidade para comentar o assunto: - Vou comentar sim. Porque eu com tudo o que consegui ate agora, ganhei o “Direito a ter a minha própria opinião e a expô-la em Publico sem nenhum receio”.
Um amigo desconhecido, Eric Crouse, Holandês de Alkmaar, a propósito de uma discussão sobre os jovens e a Politica disse-me assim:
- Os jovens tem muito a dar a Politica, a atitude e a capacidade revolucionária de querer mudar as coisas e faze-las acontecer só existe nos jovens.
O primeiro Senhor esta prenhe de razão, e com o segundo não poderia estar mais de acordo.
Recebi ontem 18.02 um sms a dizer, ainda que indirectamente que, Nuno teria falecido no Luxemburgo. Após um par de telefonemas vim a confirmar a informação.
Descanse em Paz, primo adoptivo e amigo. Orgulho-me de ti, porque deveras foste um jovem exemplar, uma mente esclarecida.
Após a notícia inesperada do teu desaparecimento, pus-me a pensar entre variadas coisas se a LEUCEMIA também não fará parte do “Sistema”. Pois e, mas também já houve quem me chamasse de Paranóico.
Pus-me a pensar no que o Eric me disse a 10 anos atrás, porque todas estas coisas me lembram de ti, das nossas duas ou três conversas de 15 minutos intercalados por períodos de 2 anos em que ias a Lisboa.
Lembro-me de me teres enxovalhado com a profundeza do conhecimento que detinhas sobre a luta de libertação nacional, sobre Amílcar Cabral, a Historia e as estorias de Cabo Verde, e os teus interesses principalmente pela nossa Politica, pela cultura e preocupação e atitude activa em prol de uma sociedade melhor. O diploma em direito que tinhas acabado de ganhar com esforço, visão e atitude altruísta ficou por receber, e corroboram com todos os teus ideais e as tuas ambições.
Lembro-me também de um jovem nascido em Lisboa, que viveu toda a sua vida entre países da Europa que para alem de o ser, fazia também parecer que era Cabo-verdeano. Orgulhava-se desse título e ostentava sinais de admiração profunda por Amílcar Cabral de quem dizia seguidor. O ideal de Amílcar Cabral estava ai, a vontade e a ambição do “jovem de Eric” estava ai, o sonho, também talvez a Utopia!
Como alguém disse uma vez, esse e o meu homem.
Nuno, lá onde estiveres continua a tua Odisseia. Interceda por nos, para que hajam mais Nunos para este nosso Cabo Verde, pois Nunos como tu se e que os há neste Pais, estão em vias de extinção.
Talvez os nossos jovens sejam profundamente influenciados pela nossa pequenez territorial, nossa história, cultura de sobrevivência e de “pedintes”. Os jovens não se têm manifestado, preferindo sempre a acomodação de um “tacho” qualquer, num lugar de Deputado calado e aterrorizado com medo de “tatau” dos papais imortais.
Confesso-te Nuno que não tenho votado em nenhum Partido, não por arrogância ou por algum impedimento, mas porque sinto que falta alguma coisa.
Minha homenagem sentida, vai para ti neste meu cantinho. Magoado e totalmente em choque, principalmente pela lição que me deste: - Ninguém nos tira o Direito a “Sonhar”.
Um lindo sonho, em Paz!
Teu amigo,
Vava