segunda-feira, novembro 09, 2009

A DENGUE – UM REFORÇO DE PESO PARA A CRISE NO TURISMO EM CABO VERDE



O Turismo na Boavista, pelo menos de forma massificada como o conhecemos hoje, nasceu com a abertura do Hotel Riu em Outubro de 2008, há sensivelmente um ano.


Ora, o que se verificava era um domínio em absoluto do Destino SAL que segundo dados do INE detinha quase 70% do total das entradas em 2007 seguido de Santiago e S. Vicente; ciclo esse que se repetia desde o início da década, e portanto desde o início do desenvolvimento propriamente do nosso turismo.


Dados do INE mostram ainda que em 2008 com apenas 2 meses e meio de Hotel Riu, Boavista arrecadou já 10% do total das entradas no País e as dormidas quase que triplicaram, ultrapassando já Santiago e S. Vicente.


Os dados do primeiro semestre de 2009, indicam que Boavista já detém cerca de 24% dos turistas que entram no País. Seguindo essa lógica de crescimento, neste momento deverá ser ainda maior.


Isso tudo analisando Boavista no contexto nacional. A análise dos dados globais do país é outra coisa.


Para Cabo Verde o INE anunciava em 2007 um crescimento de 11,5%, tendo esse crescimento diminuído para 6,5% em 2008 lançando já alguns sinais sobre a crise que se avizinhava.

O ano de 2009, dados do primeiro trimestre indicam um decréscimo acentuado da procura em 11% face ao período homólogo anterior, tendo sofrido uma recuperação em 8% no segundo trimestre, isto é, no total do semestre tivemos uma diminuição em cerca de 3% das entradas face ao mesmo período de 2008.


Olhando para estes dados já temos uma ideia de que realmente a situação já em si é preocupante para as empresas do sector, a sociedade civil e deverá merecer uma atenção muito cuidada por parte do governo.


A DENGUE aparece na pior altura, se é que se pode falar em sentido de oportunidade numa altura destas.


Com o aparecimento da doença a imagem que Cabo Verde tinha lá fora, como um dos países mais seguros da nossa região em termos de Doenças Tropicais graves, desmoronou-se.


De qualquer forma, parece-me que está a haver uma resposta positiva da sociedade Civil ao apelo lançado pelas autoridades para essa luta.


Ainda assim, a doença já se propagou e pouco se pode fazer em termos das marcas negativas que vai deixar na nossa sociedade, e na nossa imagem como destino turístico. É algo imensurável e o prejuízo pode ser maior que as próprias perdas que possamos ter de imediato. Esse facto coloca em causa a nossa própria sobrevivência como destino turístico e diminuir as hipóteses de de conquistarmos uma "segunda oportunidade", de fazer de Cabo Verde um destino turístico de qualidade.


Falando no caso concreto dos impactos imediatos, existem algumas questões que nos ajuda a analisar e compreender, para já, os impactos:


1. A Primeira relacionada com a "Geografia da Epidemia da DENGUE", muito mais presente na Ilha de Santiago, que é uma ilha já com alguma relevância e potencialidade em termos de turismo, e, sobretudo que faz parte da maior parte do chamado Turismo de circuitos que se faz em Cabo Verde.


A título de exemplo, tenho a informação concreta de que já existem cancelamentos dos trajectos em Circuitos e Excursões da Ilha de Santiago em detrimento de outras ilhas onde ainda não se verificaram tantos casos, como por exemplo S. Vicente.


Na ilha do Fogo, já se verificaram cancelamentos das excursões de um dia a partir da Boavista e do Sal normalmente efectuados com voos Charter directos, e alguns cancelamentos de reservas.


2. A segunda relacionada com os diferentes tipos de comportamentos do Turismo de Sol e Praia, presentes na Boavista e Sal e os restantes tipos de turismo existentes em Cabo Verde, tais como o Turismo de Circuitos, Montanha, Cultural, etc.., presentes sobretudo no Fogo, em Santiago e em Santo Antão.


Boavista está na sua época baixa, logo os impactos ainda não são tão evidentes, mas para o Turismo de Montanha por exemplo, esta é a sua época mais alta do ano, demonstrado já pelo facto de no Fogo se verificar os primeiros sinais.


Na Boavista, poderemos vir a sentir os efeitos mais visíveis durante o Reveillon e prevejo que a situação prolongue-se até inícios da Operação de Verão que começa em Abril.


Estou confiante e esperançoso que o Governo, as Câmaras Municipais, as Associações e toda a Sociedade Civil continue com essa onda de Campanhas de Acção sobre as causas do MOSQUITO DA DENGUE para que possamos mitigar, ou pelo menos minimizar os impactos nefastos que essa EPIDEMIA produz na nossa economia.


Será um autêntico CONTRA-RELÓGIO, e temos que o vencer!

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