quinta-feira, novembro 05, 2009

TURISMO ECOLÓGICO, TERRORISMO PSICOLÓGICO E PLANEAMENTO…MODERNO!

O Planeamento Turístico baseia-se na premissa de que se quer um Desenvolvimento sustentável do Turismo, estabelecendo equilíbrios entre os usos e a ocupação dos solos (Vertente Ecológica); A manutenção dos Valores, Costumes e Tradições das Comunidades (Vertente Sociocultural); O aproveitamento e desenvolvimento da dinâmica e capacidade de gerar riqueza com os recursos e atractivos turísticos (Vertente Económica); e as estratégias, directivas, normas e procedimentos (Vertente Política) a serem implementados durante todo o processo de desenvolvimento Turístico.

O Planeamento Turístico é um tema que tem sido amplamente "discutido" em Cabo Verde nos últimos anos pelas mais diversas personalidades bem como pelas instituições directamente ligadas ao Turismo.

Convém de antemão referir que na minha opinião, essa "discussão" tem tomado proporções e direcções que na maioria dos casos, vão de encontro àquilo que é a opinião pessoal e a postura de cada grupo social, individualidade ou ainda instituição, muitas vezes salvaguardando determinados interesses de cada um.

O Turismo em Cabo Verde precisa de um discurso humilde, eficaz, baseado em dados científicos (O Turismo não sendo "ainda" uma ciência, caminha para tal), e sobretudo numa perspectiva INTEGRADA, i.é, envolvendo os chamados STAKEHOLDERS (Entenda-se Comunidade Local, Empresas do Sector e Instituições Públicas e Privados Ligados ao Turismo).

Num artigo de opinião expressa no Jornal online Publituris, o Prof. Carlos Torres diz que podemos encontrar já duas fases na evolução do chamado Planeamento Turístico: A planificação turística clássica e a Moderna, com distinções bem patentes como se segue:

"A clássica funda-se na autoridade do Estado, que unilateralmente estabelece rígidos planos directores em que a adstrição à actividade turística decorre do binómio características físicas do solo e facilidades de acesso aos turistas. É o movimento planificatório descendente, de uma só via (top down).

A moderna planificação turística não decorre da inspiração da distante autoridade estadual mas da consulta às populações locais, preferindo aos rígidos planos directores planos estratégicos flexíveis apoiados na conhecida trilogia de factores económicos, sociais e ambientais. Temos agora vários feixes planificatórios orientadores de sentido ascendente (bottom-up)."

Ainda no mesmo artigo o Prof. Carlos Torres refere que, "A planificação não encerra apenas aspectos de controlo do desenvolvimento de actividades sabendo-se que o turismo pode acarretar a destruição de valores naturais ou uma inadmissível alteração do modo de vida das populações. Comporta também uma vertente positiva identificando os espaços para as novas iniciativas e produtos turísticos com uma matriz de sustentabilidade."

Para além disso deixa também bem patente a necessidade de haver uma fase preparatória que antecede ao próprio Planeamento propriamente dito, i.é, aquilo que se pode chamar de Matriz Estratégica, que é uma espécie de Plano ou Draft de todo o Processo de Planeamento.

É nesta fase que deve acontecer a fase de Socialização. Na minha óptica é onde em Cabo Verde se tem falhado mais. Para além de ainda não se ter ultrapassado o modelo clássico, obsoleto, autoritário e centralizador, o envolvimento dos Stakeholders não tem sido uma realidade.

O envolvimento dos interessados mais directos do Desenvolvimento Turístico (Que se quer que seja "Integrado") deve começar na própria definição das estratégias, na 1ª Fase de todo o processo. Assim sentem-se todos engajados na mesma causa e com os mesmos objectivos, cedendo nalguns casos e adquirindo direitos noutros casos conseguindo-se assim de forma natural e pacífica um envolvimento profundo das Populações locais, que verdadeiramente sensibilizados e devidamente informados caminham juntos na mesma direcção rumo à SUSTENTABILIDADE.

É nessa fase que se deve criar uma Agenda21 Local, pormenorizando todos os passos a dar nessa caminhada; a promoção dessa mesma Agenda junto da comunidade, seduzindo-os para nela se envolverem através de folhetos, Cartazes, Internet, Eventos, Média, Exposições, Publicidade; Seguindo-se um diagnóstico e plano de acção. Aí também há que estimular a participação pública através de fóruns, seminários, protocolos/parcerias, etc…

Essa minha posição é expressa sempre que existe essa possibilidade, mas por culpa dos níveis de Sensibilidade Democrática, de Cultura de Respeito pela Liberdade de Opinião é sempre retraída com uma resposta mais ríspida, antagónica, com ruídos inflamados e distorções próprias do exercício da actividade Política que normalmente dá a legitimidade para que se possa ser convidado para ser Orador em Conferências, e encabeçar as diversas instituições ligadas ao Turismo no nosso País.

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